“A alma de uma mulher e a alma de uma porca são quase o mesmo, ou seja, não valem grande coisa.” (Arnaud Laufre)
Por estes pensamentos da época já da para se ter uma idéia da visão que o homem tinha da mulher.
A MULHER NA FAMÍLIA
As filhas eram totalmente excluídas da sucessão, quando contraiam matrimônio recebiam um dote, constituído de bens que seriam administrados pelo marido. A linhagem beneficiava apenas componentes do sexo masculino, e a herança só era passada para o primogênito, isso como forma de evitar a divisão dos bens da família.
Quando a mulher se casava passava a fazer parte da família do esposo. Nessa nova família, quando viúva, não tinha direito à herança.
O casamento era um pacto entre duas famílias, seu objetivo era simplesmente a procriação.
A mulher era ao mesmo tempo doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a obediência, submissão. Filha, irmã, esposa: servia somente de referência ao homem que estava servindo.
A inferioridade feminina provinha da fragilidade do sexo, da sua fraqueza ante aos perigos da carne. No centro da moral cristã existia uma aguada desconfiança em relação ao prazer. Ele, segundo os moralistas, mantinha o espírito prisioneiro do corpo, impedindo-o de se elevar em direção a Deus.
Na prática do sexo, sempre com o objetivo único da procriação, a mulher não deveria demonstrar sensação de prazer, a posição deveria ser o homem sobre a mulher.
Essa posição obrigatória da prática do sexo indicava a situação de submissão que dela se esperava.
Seguramente, na concepção dos religiosos, o marido que amasse excessivamente sua esposa era visto como adúltero. Não deveria usá-la como se fosse uma prostituta. A mulher não podia tratar o marido como se ele fosse seu amante.
Por intermédio do casamento, o corpo da mulher passava a pertencer ao seu esposo. Mas a alma dela deveria sempre permanecer na posse de Deus.
Na época, buscava-se justificar o desprezo dos homens pelas mulheres de todas as formas.
Para os pensadores da época, a palavra latina que designava o sexo masculino, Vir, lembrava-lhes Virtus, isto é, força, retidão. Enquanto Mulier, o termo que designava o sexo feminino lembrava Mollitia, relacionada à fraqueza, à flexibilidade, à simulação.
Aos homens, pais ou maridos cabia o direito de castigá-las como uma criança, um doméstico, um escravo.
Este desdém revela ao mesmo tempo desconfiança e temor. Os homens receavam o adultério por parte da esposa. Temiam que lhes oferecessem certos filtros mágicos que os levassem a impotência. Esterilidade, esta, que assustava os homens.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS
Na época, a mulher era vista como um ser que foi feito para obedecer.
Não era bom que uma mulher soubesse ler e escrever, a não ser que entrasse para a vida religiosa. Uma moça deveria, isso sim, saber fiar e bordar.
Se fosse pobre, teria necessidade do trabalho pra sobreviver. Se fosse rica, ainda assim deveria conhecer o trabalho para administrar e supervisionar o serviço de seus domésticos e dependentes.
Entretanto, não devemos pensar na mulher como um grupo compacto e oprimido pelos homens.
As diferenças sociais foram sempre tão fortes como as diferenças de sexo.
Muitas vezes a opressão era exercida pelas mulheres poderosas sobre as suas dependentes.
Considerava-se que a mulher era o pecado, a carne fraca.
O casamento não tinha nunca o objetivo de unir pessoas que se amam, ou o objetivo de dar prazer a alguma das partes, e sim o objetivo da procriação.
A mulher quando se casava simplesmente trocava de homem ao qual tinha que se submeter (de pai para agora marido).
À mulher cabia as responsabilidades domésticas, exceto no caso de camponeses e classes mais baixas, que deveriam acompanhar seu marido no trabalho feudal.