Entre as décadas de 30 e de 60, dezenas de crianças escreveram ao ditador.
Em Novembro de 1956, o então Presidente do Conselho recebeu uma carta de um miúdo que tinha exactamente o seu nome.
A mensagem foi escrita pelos pais – a mãe de apelido Oliveira, o pai de último nome Salazar – e seguiu com uma foto do filho, de apenas 28 meses, com a farda da Mocidade Portuguesa.
"Excelentíssimo Senhor Professor Salazar: Humildemente, peço a V. Exª que perdoe a liberdade que tomei em enviar uma fotografia que meus pais há dias me mandaram tirar. Pedirei ao pai do céu que conceda ao senhor professor muitos anos de vida. Receba deste seu amiguinho um xi-coração, António de Oliveira Salazar Vilar, 28.XI.1956"
O outro António de Oliveira Salazar que escreveu ao ditador, com a farda da Mocidade Portuguesa
sobre cartas que crianças enviaram a Salazar, sempre a pedir qualquer coisa: proteção para os exames que vão fazer ou para intervenções cirúrgicas, melhores empregos para os pais, intervenção junto de Nossa Senhora, livros escolares para estudar,etc....
"Carta a pedir namoro", sendo datada do Porto, em 31 de Janeiro de 1949
«Menina F... / Em primeiro lugar faço votos para que estas minhas duas letrinhas / a possam encontrara a gozar uma perfeita saúde, que eu / ao descrever-lhe o meu amôr que sinto pela / menina, fico bom felizmente. / Menina, desde o primeiro dia em que tive a suprema felicidade de a poder apreciar, fiquei um pouco emprecionado / e não pude dirigir-lhe uma pequena frase, / para que meu coração ficasse mais um pouco calmo / Mas enfim como hoje acorda-se com um coração / em sobre-saltos, fui obrigado a declarar-lhe o meu amor / que pela sua pessoa sinto.
A menina para mim foi a mulher mais bela, que / desde o meu nascimento pude apreciar com a minha visão. Linda todo o seu corpo me pareceu um fenómeno.
Esses seus olhos lindos pareceram-me duas pedras / preciosas imaginárias, seus cabêlos como o ouro e a sua face rosada, enfim não posso / descrever-lhe como você seja bela e formosas.
Bem sei que a minha dignidade / como homem não se compara com a da menina, mas enfim desculpe-me de eu lhe dirigir esta simples carta, pois foi só simplesmente para lhe declarar o amôr que por / si sinto.
Pois de si espero uma pequena resposta à minha declaração, e espero que ela me venha a agradar; e para isto basta dizerme que me declara amôr. / Sem mais passo a pedir-lhe desculpa pela ousadia que tive em lha escrever.
Estimo que tenha / saúde e felicidade, sou este que me assino, [...]
(artigo copiado do blogue torre de moncorvo)
As declarações eram assim, Quando ainda nem havia Dia de S. Valentim