No início do Século XIX, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, laborava uma refinação de cana-de-açúcar associada a um pequeno local de comércio variado. Como consequência da revolução Liberal ocorrida em 1820, são em 1834 encerrados todos os conventos e mosteiros de Portugal, expulsando o clero e os trabalhadores.
Numa tentativa de sobrevivência, alguém do Mosteiro põe à venda nessa loja uns doces pastéis, rapidamente designados por “Pastéis de Belém”.
Na época, a zona de Belém era distante da cidade de Lisboa e o percurso era assegurado por barcos de vapor. No entanto, a imponência do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém, atraía os visitantes que depressa se habituaram a saborear os deliciosos pastéis originários do Mosteiro.
Em 1837, inicia-se o fabrico dos “Pastéis de Belém”, em instalações anexas à refinação, segundo a antiga “receita secreta”, oriunda do Mosteiro. Transmitida e exclusivamente conhecida pelos mestres pasteleiros que os fabricam artesanalmente, na “Oficina do Segredo”. Esta receita mantém-se igual até aos dias de hoje.
De facto, a única verdadeira fábrica dos “Pastéis de Belém” consegue, através de uma criteriosa escolha de ingredientes, proporcionar hoje o paladar da antiga doçaria portuguesa.
Os antigos combatentes chamavam-lhes "madrinhas de guerra"
As "madrinhas de guerra" eram quase sempre moças solteiras, sendo muitas vezes os respetivos endereços trocados entre os soldados.
Muitas vezes, as pessoas escreviam-se sem se conhecerem pessoalmente, mas há alguns desses casos que resultaram em casamento.
Ao fim de algumas cartas trocadas, as "madrinhas" enviavam fotos normalmente "de corpo inteiro", para "mostrarem o que valiam".
Primeiro dia de venda dos aerogramas militares.
Diário Popular de 2-8-1961.
Aparentemente, as cartas "sem pruridos" dos combatentes não as escandalizavam, já que as mulheres acabavam por alimentar esse "clima", com respostas que "levavam sempre a sua pitadazinha de provocação".
Os "aerogramas", nome que tinham as cartas, eram disponibilizados pelo Movimento Nacional Feminino, não precisavam de selo e eram transportadas gratuitamente pelos aviões da TAP.
Por vezes, o saco com os aerogramas era atirado do avião, sendo sempre o momento da distribuição da correspondência aguardado com particular ansiedade pelos guerreiros.
Falavam de tudo, Falava-se de ser herói, de solidão, de medo, de malandrices.
Ajudavam os soldados do Ultramar a "sentirem-se vivos".
Famalicão tem o único Museu da Guerra Colonial a nível nacional, que no seu espólio reúne muita da correspondência trocada entre soldados e respectivas madrinhas.